Novelos, novelos, quantas histórias contas tu?

Contextos interligados e sua importância no nosso quotidiano

De certeza que já se deu conta que, em determinados momentos da sua vida, parece que uma catadupa de acontecimentos numa área particular se estende e contamina outras que você acharia mais “funcionais”.

O nosso dia-a-dia está rodeado de pequenos acontecimentos que ora moldam o nosso humor e sentimento de pertença (a espaços, grupos e contextos) para sentimentos de felicidade ora para momentos de alguma tristeza ou zanga. Tendencialmente também fugimos destas sensações de mau estar emocional não só porque ninguém gosta particularmente de “estar triste”, mas também porque ainda não é comummente aceite - nos tempos que dirigem a nossa primeira infância e adolescência - que estas sensações possam ter um mesmo espaço de existência que as reconhecidas “emoções boas”. No texto que hoje vos trazemos, apresentamos-vos os «novelos»: os da Coramente e (alguns) dos seus!

No momento que nascemos somos fruto de milhentas expectativas: somos meninos ou meninas, típicos jogadores de futebol que dão valentes pontapés na barriga da mãe ou as dóceis princesas que permitem a esta que descanse até próximo do momento do parto. Dá muito trabalho, dorme bem ou come melhor… são algumas das premissas que despejam em cima daqueles que serão os nossos cuidadores (e ainda únicos reconhecidos como EU)! Não temos uma identidade clara e una, porque somos fruto do outro e do que este deseja para nós. Crescemos a ouvir várias solicitações para sermos bons: não faças birras, cumprimenta toda a família - em particular aquela que vive emigrada e que só vês apenas no verão - não fales com estranhos, aprende a pintar, aprende a comer com faca e garfo, faz natação, ballet, futebol ou aulas de canto! Mas acima de tudo, sê produtivo, faz com que valha a pena! E ainda que aos poucos consigamos perceber que eu sou diferente daqueles que cuidam de mim (reconhecimento do OUTRO como independente de mim, outro ser), não deixo de me sentir ligado à sua realidade e modelos. E ainda bem que assim pode ser, por um tempo…

Com o tempo chegam-nos outros espaços onde somos: a escola, a tal atividade física, os primeiros amigos (identificações grupais), a casa dos avós ou dos tios, as férias de verão, as famílias que se separam aumentando assim as viagens e roupas partilhadas entre espaços, os países em guerra, o luto de alguém que me era próximo e querido… quantos são os contextos que cruzamos até chegar à vida adulta onde identificamos e permitimos assumir para nós mesmos que «estou a sofrer e preciso de ajuda?». Pequeno parêntesis aqui: ainda que isto possa dar destaque a pedidos de ajuda psicológica numa faixa etária que já tem autonomia para optar por este pedido de ajuda, não podemos eliminar a necessidade de intervenções em idades “precoces” onde fortes padrões de funcionamentos patológicos podem potenciar a necessidade de atuar, por exemplo, na primeira infância e/ou adolescência. Todavia, aqui, não abordaremos este aspeto para chegar aos «novelos» apenas porque muitas vezes estas necessidades para atuar precocemente não são feitas a pedido dos próprios, antes de entidades externas à família - tribunal de menores, consultas de neurodesenvolvimento, contextos educativos - que têm vindo a sinalizar com muita atenção e detalhe este tipo de casos. Qual é o meu limite para o sofrimento? O que é um limite para a própria dor? É física ou mental? Individual ou grupal? São validados de igual modo ou devem ser separados? E onde é que estas sensações e pensamentos que me acompanham são comuns, expectáveis e fruto de um desenvolvimento típico, ou quando é que me permito a assumir que preciso de ajuda especializada para o que está a acontecer comigo? Procuremos ver dois exemplos de um adulto com 30 anos e outro com 65 anos: o adulto com 30 anos poderá ser (em termos de papéis) filho, neto, irmão, sobrinho, trabalhador, amigo, colega de trabalho. Pode, ainda, ser parte de outros nichos: ser pai, manter o grupo coral às 4ªs feiras e do ginásio às 6ªs. Pode ter o grupo de saídas de ciclismo com que tantas vezes nos cruzamos durante o fim de semana, ou ser ótimo a organizar momentos de encontro e partilha entre outros! Atribuiremos ao adulto de 65 outros tantos papéis: avô, cunhado, ex-colega de tropa, ex-colega de trabalho, viúvo, doente. A estes juntamos ainda mais que, neste período de vida, tendemos a considerar passíveis de existirem: cansado, deprimido, zangado, isolado, sozinho, um “bom-vivã” pós reforma, ativo - voltam aos grupos de universidade sénior - reformado no ativo, incapazes de parar e tantos outros onde acharemos que a vida já deu demasiados nós!

A saúde mental é para todos e tal como a saúde física, acontece desde sempre em nós, desde que somos semente em embrião e as nossas mães começam a ser seguidas física e clinicamente (perdoem os nossos pacientes nas idades mais bonitas e onde isto não foi uma realidade aos seus pais…). Também deveremos lembrar que há um bebé, um novo ser, um ser que será independente e - fruto de milhentas expetativas - que tem de ser visto nesta multipluralidade de papéis, uns claramente seus, outros impostos pelas circunstâncias e contextos onde nascemos. Nós não temos de ter um problema de saúde mental nem sempre, nem desde sempre. Todavia, a presença de um desequilíbrio emocional deve e pode ser visto e acautelado com um especialista nesta matéria.

É nosso objetivo, na Coramente, dar espaço e resposta a quem nos procura primeiramente na identificação clara de aspetos fundamentais ao início de qualquer processo terapêutico: quem é? O que o traz à consulta? O que espera encontrar na consulta? Quem espera encontrar na consulta? Para onde quer caminhar? Quem quer/deseja ser? Quanto tempo quer estar aqui? Aguenta estar aqui? (sendo que o que aguentamos não revela de nós sermos mais fracos ou menos capazes…) Qual o seu limite para dizer «estou cansado, descontrolado, triste, preocupado, eufórico, descomedido, já não sei mais como (ou o que) fazer… Preciso de ajuda!»?

Cada novelo conta uma história, pode ler-se na página das redes sociais da Coramente. Lá encontrará os novelos das leituras recomendadas, do dia de …, dos posts informativos (onde normalmente constarão dados de investigação em psicologia, Podcasts e Programas, assim como informações das sociedades de psicoterapia ou da Ordem dos Psicólogos), bem como outros tantos que consigo esperamos contruir. Com a sua ajuda e o seu novelo! Por cá estaremos para o ajudar a desembaraçar nós, vivendo uma vida mais plena, consciente e feliz: física e mentalmente!

Se precisar de ajuda, procure-nos!

Teremos todo o prazer em fazer parte de si nesta busca única e (apenas) sua!

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